segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

ETAPA II DO PROGRAMA TOPA: MINHA PRIMEIRA AVENTURA DO ANO


"Educar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais... Entendo assim a tarefa primeira do educador: Dar aos alunos a razão para viver".
Rubem Alves
Continuando as andanças pelas minhas memórias, ainda falaremos do Programa TOPA, porém dessa vez iremos conhecer mais sobre a segunda etapa desse Programa, certo?
A Etapa II do Programa TOPA – Todos pela Alfabetização / Brasil Alfabetizado teve início, com a Formação Inicial de 40h, em 30 de janeiro de 2009. Os jovens e adultos atendidos na segunda etapa do Programa, sob a abrangência da UNEB, estavam distribuídos na zona urbana e rural de 143 municípios do Estado da Bahia. Homens e mulheres vivendo os tempos da juventude e da vida adulta, privados de muitos dos seus direitos, dentre eles o direito à educação.
Os alfabetizandos do TOPA são mães, pais, avós que atravessam rios numa pequena canoa durante 40 minutos ou 1 hora, levando seus filhos e netos nessa perigosa aventura, pois não têm com quem deixar. São diaristas, lavradores, pedreiros, membros de associações de bairro, pessoas com dons artísticos, etc. São sujeitos que buscam aprender “nas mais diferentes formas de trabalho, de organização social (família, igreja, comunidade, associações, sindicatos etc.) e ainda, no espaço e tempo da escolarização dos seus filhos e netos”, como já dizia Arlene Malta (ex-coordenadora do setor de Coordenação de Educação de Jovens e Adultos - CJA).
Alfabetizanda - Itaberaba / Ba
Alfabetizando - Zona Rural de Presidente Dutra / Ba
Coordenadora de Núcleo e Alfabetizandos de Seabra / Ba
Os jovens, adultos e idosos que buscam no Programa uma aprendizagem que atenda às suas necessidades atuais, compõem um universo de pessoas com anseios e sonhos. E, é buscando concretizar muitos desses sonhos que a proposta do Programa está pautada em alfabetizar na perspectiva do letramento, procurando criar condições para que os alfabetizandos possam dominar as habilidades de ler e escrever. O Programa tem como objetivos proporcionar situações que garantam ao alfabetizando desenvolver capacidade de compreender o sentido geral de textos lidos oralmente, ler e escrever textos com diferentes funções de linguagem, produzir textos simples de diferentes tipos e modalidades, utilizar as operações matemáticas para solução de problemas do cotidiano, discutir de forma crítica assuntos de interesse da comunidade e aplicar novos conhecimentos na solução de problemas da vida comunitária.
O primeiro passo, para garantir os objetivos propostos pelo Programa é preparar alfabetizadores e coordenadores de turmas dando-lhes subsídios para o saber fazer. Ao alfabetizador propomos novas estratégias e práticas, significando e ressignificando sua práxis pedagógica. Para o coordenador de turmas criamos condições para que ele possa assumir o papel de formador de seus alfabetizadores, no decorrer do Programa.
Formação Continuada - Brotas de Macaúbas / Ba
A Universidade do Estado da Bahia (UNEB), através da PROEX / NEJA é responsável pela formação inicial e continuada de alfabetizadores, coordenadores de turmas e tradutores intérpretes de libras, bem como do acompanhamento das ações desenvolvidas nos municípios. E, como Unidade Formadora desenvolve essas ações em três momentos.
Ação I - momento inicial da Formação, sob a responsabilidade de especialistas, docentes da UNEB e de outras Instituições. A Formação inicial tem a carga horária de 60 horas, desdobradas em dois momentos; um de 40 horas e outro de 20 horas.
Ação II - momentos de formação continuada, realizada pelo Coordenador de Turmas, pelo Coordenador de Núcleo e pelo Monitor. São 8 horas mensais de formação sob a responsabilidade do Coordenador de Turmas. Esta carga horária é distribuída em encontros semanais de duas horas cada ou em encontros quinzenais de quatro horas. O Coordenador de Núcleo realiza Formação Continuada dos Coordenadores de Turmas, que por sua vez se tornam multiplicadores de conhecimentos, junto ao seu grupo de alfabetizadores durante os encontros de formação continuada.
Ação III - acompanhamento da Prática Pedagógica sob a responsabilidade dos Coordenadores de Turmas, dos Monitores e dos Coordenadores de Núcleos. Ocorre durante todo o Programa e intenciona a reflexão dos alfabetizadores acerca da prática, em um movimento continuo de ação-reflexão-ação.
Formação Inicial de 40h em Baianópolis / Ba
Visita à Classe - Sítio do Quinto / Ba
Visita à Classe - Andaraí / Ba
Já que estamos falamos em Formação Inicial, vou contar um pouco da minha aventura quando fui a Nova Soure realizar a formação dos participantes da Etapa II do Programa TOPA.
De 02 a 06 de fevereiro de 2009, eu e mais três formadoras realizamos a Formação Inicial de 40 horas no município de Nova Soure. É uma cidade pequena com aproximadamente 27 mil habitantes e fica a 225 km de Salvador.
            Na verdade a minha ida a Nova Soure foi decidida às vésperas da formação, pois a professora designada para tal ação teve um imprevisto e só comunicou ao NEJA faltando dois dias para o evento acontecer. Como Coordenadora Pedagógica do Programa, recebi a incumbência de substituí-la e foi por esse motivo que vivi uma experiência inesquecevível (risos).
Estava em casa, na manhã de sábado do dia 31 de janeiro do referido ano, quando recebi uma ligação da Coordenadora Geral do NEJA, Maria José de Faria Lins, comunicando a mim que a formadora selecionada para realizar a formação no município de Nova Soure havia avisado naquele momento que não poderia cumprir seu compromisso firmado com o Núcleo. Assim, eu teria que ir em seu lugar, pois não havia como conseguir outra pessoa em cima da hora. Diante da situação, aceitei realizar a formação marcada para ter início no dia 02 de fevereiro, ou seja, na segunda-feira. Eu não conhecia o município de Nova Soure e as únicas informações que recebi da pessoa que marcara a formação foi o nome da pousada onde ficaria hospedada e o horário do ônibus que saía de Salvador às 20:10hs no domingo. Como era fim de semana tentei fazer contato com os representantes do TOPA no município, mas não obtive êxito, uma vez que minha colega esqueceu-se de solicitar o número do celular da gestora do Programa e do dono da pousada. Então, não teve jeito, viajei no escuro (literalmente. Rsrssss), sem nenhuma informação mais concreta da formação e do município ao qual me dirigia meio angustiada.
Apesar da angústia de não ter maiores informações sobre a minha chegada ao município, nunca imaginei que aconteceria o que ACONTECEU. (risos, hoje que o acontecido é apenas uma lembrança posso rir da situação). Então vamos lá!
O início da noite ainda trazia um pouco do calor que havia feito durante todo o dia naquele domingo. Saí de casa com destino a rodoviária por volta das 19:00hs. A empresa de ônibus que fazia linha para Nova Soure era a Regional, então ao chegar à rodoviária fui para a plataforma de embarque B e tomei meu lugar no ônibus que saiu às 20:20hs. Foi uma viagem tranqüila, pois a estrada estava ótima. Ainda me lembro como hoje, era 01:00hs da madrugada quando ouvi a cobradora do ônibus anunciar: “Nova Soures!’’ Isso mesmo (risos), ela disse Nova Soures.
Olhei pela janela do ônibus e tudo estava muito escuro, não dava pra enxergar nada. Então perguntei para ela se o ônibus iria até a rodoviária e, muito educadamente (pra não dizer ao contrário. Ela era grosseira ao extremo) ela praticamente gritou: “Já estamos na rodoviária!”
Tornei a olhar pela janela e nada vi além de uma escuridão profunda, então fui ao encontro da criatura (a cobradora) que já havia decido do ônibus para tirar minha mala. O que eu poderia fazer? Ela disse que ali era a rodoviária, então desci. Pra piorar ainda mais minha situação fui a única a desembarcar em Nova Soure e quando o ônibus seguiu seu destino fiquei em pé, parada à beira da estrada em meio a uma escuridão infinita, sem saber em qual direção seguir. Demorou cerca de uns 5 minutos e eu continuava ali parada, sem reação, pois não sabia o que fazer, não tinha a menor ideia pra que lado ficava a cidade. O ônibus a partir daquele horário não entrava na rodoviária, pois a mesma fechava às 22:00hs. Acreditem se quiserem! Eu demorei a acreditar também, pois nunca imaginei chegar de madrugada em Nova Soure e não encontrar um táxi, que dirá encontrar a rodoviária fechada e muito menos ser deixada na beira da estrada. Pois é, meus amigos e amigas, tive vontade de chorar.
Passados mais ou menos mais cinco minutos sem saber o que fazer, meus olhos começaram, ainda com muita dificuldade, a enxergar do outro lado da pista a uns 300 metros, o que seria a rodoviária. Estava mal iluminada e tinha árvores e matos à sua frente, o que significava que deveria ter uma passagem para chegar até lá, mas eu não fazia ideia onde estaria essa passagem no meio daquele mato, pois a pista ficava num nível bem mais alto que o terreno onde se localizava a rodoviária e o mato na beira da pista era grande e fechado, sem falar em algumas árvores que completavam a paisagem. Comecei a ficar com medo, pois estava sozinha na beira da estrada deserta, completamente desnorteada, carregando uma mala de rodinhas.
 Então, orei baixinho pedindo a Jesus que me desse uma luz, que me ajudasse a sair daquela situação. Gente! Juro por tudo o que é mais sagrado! Não demorou nem um minuto e do meio do mato, logo a minha frente, surgiu um vulto todo de branco. Eu não quis nem saber se era homem ou mulher, amigo ou inimigo, fantasma ou alucinação. Comei a gritar desvairadamente: “Ei, Ei! Pode me ajudar”? O vulto, que seguia adiante, voltou e veio andando em minha direção, logo percebi que era um homem de mais ou menos 38 anos e, o cumprimentei: “Boa Noite! Desculpe-me por incomodá-lo, mas faz uns dez minutos que desembarquei da Regional e não tenho a menor idéia de como chegar à pousada Nova Opção. O senhor sabe onde fica”? Ele, respondeu: “É perigoso ficar sozinha a essa hora da madrugada na beira da pista”! E eu, me justifiquei: “Não sabia que a rodoviária daqui fechava a noite e então fui surpreendida com essa situação. Imaginei que chegando aqui, encontraria um táxi que me levasse até a pousada”. Ele, então, sorriu e disse: “Táxi aqui é artigo e luxo, algo difícil de encontrar”. Eu nem quis acreditar. Então, ele pegou minha mala e disse que me levaria até a pousada e, assim o fez. Atravessamos a pista, caminhamos um pouco pela beira da estrada até uma pequenina trilha de cascalho no meio do mato. A trilha descia na direção oposta onde se encontrava a rodoviária. Eu jamais encontraria aquela passagem no meio daquela noite escura.
Ele foi muito gentil, durante a caminhada foi me mostrando os principais pontos da cidade, como o estádio de futebol, por exemplo. O percurso foi feito em aproximadamente 15 minutos. Ao chegar à pousada, agradeci e o cumprimentei novamente. Nossa! Ele foi um anjo enviado por Deus!
Na manhã seguinte, encontrei as outras formadoras. Uma veio de Feira de Santana, seu nome é Dilzete. As outras duas, vieram de Paulo Afonso, Gicelma e Edjane. Nenhuma delas passou o sufoco que eu passei. Dilzete chegara pela manhã e Edjane e Gicelma, um pouco depois de mim; todavia, não desembarcaram sozinhas, pois havia um grupo de pessoas de Nova Soure que vieram no ônibus e conduziram-nas até a pousada.
Gicelma e Edjane ralharam comigo, disseram que me arrisquei demais. Que aquele homem poderia ser um bandido e coisa e tal. Mas o que eu poderia fazer? Naquela situação, preferi acreditar que ele era o socorro que Jesus enviara a mim e tenho certeza de que realmente era, afinal de contas, se não fosse por ele, o máximo que eu poderia fazer era dar um jeito de chegar até a rodoviária, só Deus sabe como, e passar uma noite agradável num banco de cimento ou coisa parecida.
Depois de tomarmos o café da manhã, seguimos para o colégio onde aconteceria a formação. A formadora Dilzete tivera contato com a gestora e soubera do local da formação. Logo, logo eu esqueceria aquela experiência desagradável, pois o grupo de alfabetizadores e coordenadores de turmas daquele município era simplesmente sensacional. Principalmente a gestora Jaciane, carinhosamente conhecida como Thyane. Imaginem aquela pessoa que você acaba de conhecer, mas parece que já a conhece há dez anos, sabe? Assim é Thyane, uma pessoa linda, simpática, amiga, meiga e carinhosa, além, é claro, de uma profissional dedicada e muito competente. Ela havia organizado toda a formação de Nova Soure, desde a contratação dos serviços de alimentação e transporte dos participantes até a organização dos espaços de formação com todo o equipamento necessário.
Foram cinco dias de muito trabalho, onde todo o grupo participou das atividades propostas de forma ativa, crítica e criativa, compartilhando experiências e construindo novos saberes, coletivamente.
Formação Inicial de 40h - Nova Soure / Ba
Formação Inicial de 40h - Nova Soure / Ba
Formação Inicial de 40h - Nova Soure / Ba
     
Posso dizer que foi uma experiência gratificante realizar a formação em Nova Soure, apesar do calor de 400 (quase torrei naquele sol de rachar o juízo. Eu suava, na sala de aula, igual a um cuscuz. Rsrssss). O grupo daquele município demonstrou ter compromisso com o Programa e acima de tudo com os alfabetizandos, que é alma do Programa.
E assim, junto com minhas colegas formadoras, Dilzete de Feira de Santana, Gicelma e Edjane de Paulo Afonso, concluímos nossa jornada de trabalho e retornamos para casa na sexta-feira a noite. Eu trouxe mais do que lembranças daquele lugar. Ganhei uma amiga sincera e muito querida, Jaciane ou como ela é conhecida na cidade, Thyane.
Um cheiro, Thyane! Você mora na sala Vip do meu coração!
Thyane / Jaciane Saldanha
Fontes:
MALTA, A. A. Educação de Jovens, Adultos e Idosos. Módulo I do Curso de Aperfeiçoamento EJA na Diversidade. Universidade Aberta do Brasil. LEPEJA – FACED/UFBA. 2010.


 

sábado, 22 de janeiro de 2011

CERTIFICAÇÃO DOS ALUNOS ALFABETIZADOS NA ETAPA I - TOPA

"A Utopia está no horizonte: me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais a alcançarei. Para que serve então a utopia? Serve para isso: para caminhar".
(Eduardo Galeano)

Ó nóis aqui travez! Olá pessoal, estou de volta! Dessa vez não demorei como das últimas vezes, viram? (risos)
Continuando as andanças pelas minhas memórias, encerraremos nossa viagem pela Etapa I do Programa TOPA – Todos pela Alfabetização / Brasil Alfabetizado.
Na última postagem, dissemos que 171 mil pessoas foram alfabetizadas durante a primeira Etapa do TOPA, segundo informações da Secretaria da Educação (SEC). Pois bem! Essas pessoas receberam um certificado de participação no programa, atestando que elas haviam construído a base alfabética.
A Cerimônia de Certificação aconteceu em 29 de julho de 2008, no auditório Iemanjá, no Centro de Convenções aqui em Salvador. Contamos com a presença do Presidente Lula na entrega dos certificados de conclusão de curso a 1.200 alunos do TOPA. Esses alunos vieram de todas as regiões da Bahia para representar a categoria, visto que seria impossível trazer os 171 mil alunos alfabetizados pelo Programa.
Presidente Lula na Certificação doa Alunos Alfabetizados da
Primeira Etapa do Programa TOPA

Genteeeeeeeeeee!!!! Eu estava lá como convidada do Presidente da República. Ai que Chique, meu Deus! Fui uma das representantes da UNEB e, naquele dia por conta do trânsito, cheguei um pouquinho atrasada (imaginem! Ninguém Merece!). Logo na entrada do auditório pude ver uma grande multidão aglomerada numa fila, meio desordenada, buscando acesso ao grande salão. Percebi que o motivo do ajuntamento de pessoas era a equipe de segurança que fazia a revista daqueles que participariam da cerimônia. Olhei para o relógio ao me aproximar da multidão e quase entrei em pânico, pois se tivesse que pegar aquela fila quando conseguisse entrar, o presidente já estaria próximo de encerrar sua participação no evento. Porém, antes mesmo que a aflição e angústia pudessem tomar conta de mim um dos seguranças, enquanto eu avançava pela multidão, viu-me de longe e gritou:
“Abram espaço, pois está chegando uma convidada do Presidente Lula. Vamos dêem passagem a ela”!
Nossa! Meu coração bateu tão forte que parecia um tambor, de quão maravilhoso foi ouvir aquelas palavras. Ai, me senti TODA-TODA poderosa! (risos, muitos risos) Somente depois que cheguei ao local onde também fui revistada, é obvio, a ficha caiu. O broche que eu usava e que representava a bandeira do Brasil, como um altivo brasão, era um convite aos convidados Vips para a cerimônia. Assim, passei pelo detector de metais e fui alegremente para o auditório, com toda pompa, acompanha por um segurança gatíssimo que me conduziu até o lugar reservado para os representantes da UNEB. Ahhhhh! Foi bom demais!
Assim que me acomodei ao lado de Lins, Fátima e Luciene (coordenadoras do Programa pela UNEB/NEJA) o Presidente Lula começou o seu discurso. Gente, coincidente, pareceu que ele só estava esperando por mim (mais risos). É claro que isso é um devaneio meu, mas como sonhar é de graça e não faz mal a ninguém... (muito mais risos)!
Bom, voltando a cerimônia de certificação posso dizer que foi uma experiência maravilhosa! Poder está presente naquele momento tão importante para os alunos concluintes da Primeira Etapa do Programa foi gratificante, pois pude compartilhar da alegria daquelas pessoas que por motivos diversos ao longo de suas vidas foram excluídas do sistema escolar, mas que ali naquele momento mágico viam a realização de um sonho. Um sonho que havia se concretizado com muito esforço e sacrifício, mas que valera a pena, pois agora o saber letrado pertencia a eles e ninguém nunca mais lhes roubaria isso. 
Eu olhava aquelas expressões felizes, não apenas dos alunos alfabetizados, mas também dos representantes de entidades e movimentos sociais que sabiam que fizeram parte daquela conquista. Sabiam que agora faziam parte de muitas vidas e que de fato não existe uma idade própria para aprender, pois a aprendizagem acontece ao longo de toda a vida.

Cerimônia de Certificação dos Alunos Alfabetizados
Durante a Primeira Etapa do Programa TOPA
Em um momento do seu discurso, o Presidente Lula disse o seguinte:  Este é o melhor programa de alfabetização do país. Ele gera uma mudança significativa na vida das pessoas, é uma grande transformação social dentro de seu contexto pessoal”.
O Ministro da Educação, Fernando Haddad, também se colocou favorável ao Programa TOPA: “A Bahia é hoje exemplo de um grande mutirão pela alfabetização e continuidade dos estudos. A coordenação equilibrada entre as diversas entidades participantes pode gerar um novo paradigma nacional”, avaliou o Ministro da Educação (MEC), que destacou a participação das universidades estaduais nesse grande esforço.
Já o Governador Wagner lembrou grandes nomes da Bahia: “Para mim, era um motivo de indignação a terra de Anísio Teixeira, Glauber Rocha, Gilberto Gil e Cosme de Farias ter o maior número de analfabetos do país: dois milhões. Estamos transformando essa perversa realidade”.
Governador Jaques Wagner na Cerimônia de Certicação da
Etapa I do Programa TOPA
Governador Jaques Wagner na Cerimônia de Certicação da
Etapa I do Programa TOPA
Assim, depois de discursos bem elaborados, houve o encerramento da cerimônia de Certificação da primeira Etapa do Programa TOPA. Na saída, eu e as coordenadoras do Programa, encontramos o Reitor da UNEB, profº Lourisvaldo Valentim da Silva, que nos convidou para uma fotografia que ilustraria uma nota publicada pela UNEB.
Foi um dia de Glamour! Um daqueles dias que não se esquece jamais!!!!!

Fontes:

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

EU, A ETAPA I DO PROGRAMA TOPA E MUITAS HISTÓRIAS


"Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância."
Sócrates



Depois de tanto tempo longe, é hora de recomeçar a escrever e a atualizar o blog. Como já havia dito anteriormente, minha vida profissional é uma loucura!
Na última postagem que fiz em novembro do ano passado (puxa! Já faz um tempinho, né? Rsrssss) falei um pouquinho sobre a primeira etapa do Programa TOPA - Todos pela Alfabetização / Brasil Alfabetizado. Pudemos conhecer um pouco mais sobre suas metas, objetivos, como aconteceu a aula inaugural, a organização da formação inicial, entre outras coisas. Agora, ainda sobre a Etapa I desse programa, mergulharemos no oceano das minhas lembranças e veremos um pouco de como foi minha atuação na primeira etapa do Programa.
A Universidade do Estado da Bahia (UNEB), por intermédio da Pró-Reitoria de Extensão (PROEX) e do Núcleo de Educação de Jovens e Adultos (NEJA) ficou responsável pela Formação Inicial e Continuada, bem como pelo acompanhamento em 221 municípios do Estado da Bahia envolvendo 127.350 alfabetizandos, 10.275 alfabetizadores, 54 tradutores intérpretes de LIBRAS e 606 coordenadores e coordenadoras de turmas, como pudermos observar na postagem de novembro de 2010. Entretanto, dos municípios a serem atendidos, inicialmente, quatro deles desistiram de participar do Programa em função de negociações feitas junto a SEC.
Lembram que atendendo à solicitação do governador Jacques Wagner, o Reitor da UNEB, profº Lourisvaldo Valentim da Silva, autorizou o NEJA a iniciar a formação do programa em 24 de setembro de 2007, na região Nordeste da Bahia? Pois bem, a equipe do NEJA vivenciou toda aquela loucura que sempre ocorria em tempos de formação, durante dois meses. Eu, então, não fui parar num hospício porque sou teimosa demais, afinal de contas, sou uma legítima capricorniana. Inclusive, hoje é meu aniversario. Ôbaaaaaa!!!! Parabéns para mim (risos)!!!! Certo, certo, voltei à superfície da Terra (risos)! Continuando pelos caminhos das minhas lembranças, iniciamos a formação de 40h do programa TOPA em 17 municípios, pois a aula inaugural estava marcada para outubro daquele ano, como vimos na postagem anterior.
Após a aula inaugural (e meu passeio maravilhoso por Aracaju, o qual não esquecerei, jamais!) continuamos a nossa empreitada das formações, pois faltava ainda realizar a formação inicial em 200 municípios. Imaginem! Piração total. Assim, o período de formação inicial para a primeira etapa do TOPA estendeu-se até novembro de 2007 e depois de muita luta, muitas angústias, muitas noites sem dormir e alguns pés de galinha no rosto (não fiquei nada contente com isso), fui contemplada para fechar o ciclo de formações. Nossa! Que responsabilidade, hein? Mas dei conta do recado direitinho.
Fui para Juazeiro realizar a última formação de 40h para a Etapa I do Programa e a experiência foi marcante, pois o grupo de alfabetizadores, coordenadores de turmas e tradutores intérpretes de libras, no geral, foi muito bom. Em Juazeiro, o Programa contava com sujeitos responsáveis, bem dispostos, organizados, comprometidos e receptivos às “novidades”.
Formação do TOPA - Juazeiro/2007
Fazendo pose pra sair bem na foto


Na noite do último dia de formação fui conhecer a orla de Juazeiro. Êta coisa boa!!! Trabalho e diversão é uma mistura interessantíssima (risos).
Estrutura do Programa – Etapa I
Para atender a grande demanda do Programa TOPA, o NEJA contava com uma equipe de Supervisores, Coordenadores de Núcleo, Monitores e Formadores.
A equipe de Supervisores do NEJA foi constituída por profissionais que possuíam disponibilidade, visão crítica e seletiva necessária para executar a sua função. Para cada Supervisor coube um número determinado de Núcleos sob sua supervisão. A ação dos Supervisores se estendeu desde a entrega do material didático aos Formadores até o fechamento das ações da primeira etapa do Programa com a entrega do relatório a Coordenação Colegiada do NEJA.
Eu fiquei com o Território III que era composto por cinco núcleos: Barreiras, Euclides da Cunha, Guanambi, Paulo Afonso e Senhor do Bonfim. Dessa forma, estavam sob minha responsabilidade 53 municípios espalhados pelo interior da Bahia.
Fazia parte das atribuições do Supervisor, ou seja, das minhas atribuições: suporte pedagógico e estrutural do Programa aos Coordenadores de Núcleo; acompanhamento da prática pedagógica dos Coordenadores de Núcleo; contatos com Coordenadores de Núcleo para acompanhamento das ações; contatos telefônicos ou por correio eletrônico para monitoramento das ações desenvolvidas nos municípios; acompanhamento e avaliação das ações desenvolvidas nos municípios através de reuniões e visitas às classes; reunião com secretários municipais de educação e representantes do programa TOPA como um todo; elaboração e encaminhamento de instrumentos de coleta de dados; sistematização de dados para elaboração de relatórios; elaboração de relatórios de avaliação, entre várias outras coisas.
Além dessas atribuições do supervisor, eu ainda somava à minha grande demanda de trabalho, outras responsabilidades, como:
·         Organização do material didático para realização das formações;
·         Articulação e negociação com fornecedores para realização da formação inicial para a Etapa I do Programa TOPA;
·         Participação no planejamento das formações de 20 e 40h dos alfabetizadores, coordenadores de turmas e tradutores intérpretes de LIBRAS;
·         Apoio à Coordenação Colegiada.
O Coordenador de Núcleo
Para efetivação da formação continuada e o acompanhamento das ações do Programa nos municípios, criou-se a figura do Coordenador de Núcleo, um professor da UNEB, cujas atribuições eram: avaliar a Formação Inicial de 40h dos alfabetizadores, coordenadores de turmas e tradutores intérpretes de libras, junto ao NEJA; participar na elaboração do planejamento da formação de 20h, bem como planejar a formação continuada dos alfabetizadores, coordenadores de turmas e tradutores intérpretes de libras considerando o Plano Plurianual de Alfabetização / PPAlfa  do Programa TOPA sob a coordenação do NEJA; realizar a formação inicial e continuada dos Monitores; avaliar o trabalho desenvolvido pelos Monitores; realizar a formação continuada de alfabetizadores, coordenadores de turmas e tradutores intérpretes de libras; realizar o acompanhamento da prática pedagógica dos alfabetizadores por intermédio de visitas às classes de alfabetização conforme cronograma a ser elaborado; avaliar a prática pedagógica dos alfabetizadores e dos coordenadores de turmas; elaborar relatórios técnico-pedagógicos.   
Formação Continuada / Maragogipe
 
Devido ao número de municípios a serem atendidos por cada Coordenador de Núcleo, ficou estabelecido pelo NEJA a seleção de Monitores para auxiliarem no trabalho dos Coordenadores e o acompanhamento das ações dos Monitores era de responsabilidade dos Coordenadores de Núcleo. 
Dessa forma, com o empenho de toda a equipe procuramos atender aos municípios, da melhor forma possível. Entretanto, não podemos negar ou deixar de registrar que encontramos muitos entraves, o que dificultou um andamento melhor do Programa nos municípios. As visitas dos supervisores para acompanhamento das ações do TOPA, revelaram que havia muitos problemas que afetavam o desenvolvimento das ações do Programa.
Em uma das minha viagens para acompanhamento das ações do Programa e realizar visitas de reconhecimento com o intuito de levantar os problemas existentes nos municípios, com vistas a resolvê-los, ouvi diversas reclamações por parte dos alfabetizadores e dos coordenadores de turmas. Todos, sem exceção, se queixaram sobre o não cumprimento de algumas promessas que, segundo eles, foram feitas pela Coordenação do Programa TOPA (Secretaria da Educação do Estado da Bahia), durante os encontros de divulgação do programa. Citaram algumas dessas promessas:
4    Merenda Escolar:
4    Auxílio Transporte;
4    Material Didático;
4    Exame de vista e aquisição de óculos;
4    Camisetas com a logomarca do Programa TOPA, entre outras.
Vejamos abaixo, pequenos trechos de relatos de coordenadores de turmas e alfabetizadores da região de Barreiras, oeste da Bahia:
’’Não tem como a gente trabalhar sem material. Entregar somente o lápis e o caderno, não adianta’’.
Alfabetizadora no município de Riachão das Neves.
’’... coordenei dez professores com 160 alunos inicialmente, mas esse número foi reduzido devido a falta de materiais didáticos... e dos os exames oftalmológicos, que muitos esperavam ansiosos’’.
Coordenadora de Turmas no município de Santa Rita de Cássia.
’’...se houvesse o apoio que foi prometido, com certeza os resultados teriam sido melhores...”
Coordenadora de Turmas no município de Cotegipe.
Outro fato, que de certa forma, atrapalhou o bom desenvolvimento das atividades do Programa nos municípios, foi o atraso do pagamento das bolsas de alfabetizadores e coordenadores de turmas, o que causou desestímulo em muitos deles. Toda via, devo acrescentar que apesar de todas as dificuldades e problemas enfrentados tanto pelo alfabetizador quanto pelo coordenador de turmas tivemos bons resultados em muitos municípios, isso porque para muitos alfabetizadores e coordenadores, o Programa representava um desafio a ser vencido. Essas pessoas procuraram desenvolver um bom trabalho, planejando criteriosamente suas atividades, buscando apoio junto a prefeituras e comércio local e, muitas vezes tiravam do próprio bolso para não deixar seus alfabetizandos sem material. Muitas entidades, principalmente as prefeituras apoiaram o programa fazendo toda a diferença na conquista dos objetivos propostos pelo mesmo.
Depoimento de uma Alfabetizanda do município de Baianópolis/BA
Coordenadora de Turmas do município de Baianópolis/BA
Maiza Alves Pereira


Durante todo o decorrer da Etapa I do Programa TOPA encontramos muitos entraves, entrementes, com muito empenho, determinação, seriedade, compromisso e persistência pudemos desenvolver um ótimo trabalho, pois acreditamos que juntos (coordenação do programa, supervisão, representantes de entidades, coordenadores de turmas e alfabetizadores) trilhamos o mesmo "Caminho" em busca de um objetivo comum - contribuir para acabar com o analfabetismo no país.
Segundo a Secretaria da Educação do Estado da Bahia foram alfabetizadas 171 mil pessoas durante essa etapa do Programa TOPA.