quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

EU, A ETAPA I DO PROGRAMA TOPA E MUITAS HISTÓRIAS


"Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância."
Sócrates



Depois de tanto tempo longe, é hora de recomeçar a escrever e a atualizar o blog. Como já havia dito anteriormente, minha vida profissional é uma loucura!
Na última postagem que fiz em novembro do ano passado (puxa! Já faz um tempinho, né? Rsrssss) falei um pouquinho sobre a primeira etapa do Programa TOPA - Todos pela Alfabetização / Brasil Alfabetizado. Pudemos conhecer um pouco mais sobre suas metas, objetivos, como aconteceu a aula inaugural, a organização da formação inicial, entre outras coisas. Agora, ainda sobre a Etapa I desse programa, mergulharemos no oceano das minhas lembranças e veremos um pouco de como foi minha atuação na primeira etapa do Programa.
A Universidade do Estado da Bahia (UNEB), por intermédio da Pró-Reitoria de Extensão (PROEX) e do Núcleo de Educação de Jovens e Adultos (NEJA) ficou responsável pela Formação Inicial e Continuada, bem como pelo acompanhamento em 221 municípios do Estado da Bahia envolvendo 127.350 alfabetizandos, 10.275 alfabetizadores, 54 tradutores intérpretes de LIBRAS e 606 coordenadores e coordenadoras de turmas, como pudermos observar na postagem de novembro de 2010. Entretanto, dos municípios a serem atendidos, inicialmente, quatro deles desistiram de participar do Programa em função de negociações feitas junto a SEC.
Lembram que atendendo à solicitação do governador Jacques Wagner, o Reitor da UNEB, profº Lourisvaldo Valentim da Silva, autorizou o NEJA a iniciar a formação do programa em 24 de setembro de 2007, na região Nordeste da Bahia? Pois bem, a equipe do NEJA vivenciou toda aquela loucura que sempre ocorria em tempos de formação, durante dois meses. Eu, então, não fui parar num hospício porque sou teimosa demais, afinal de contas, sou uma legítima capricorniana. Inclusive, hoje é meu aniversario. Ôbaaaaaa!!!! Parabéns para mim (risos)!!!! Certo, certo, voltei à superfície da Terra (risos)! Continuando pelos caminhos das minhas lembranças, iniciamos a formação de 40h do programa TOPA em 17 municípios, pois a aula inaugural estava marcada para outubro daquele ano, como vimos na postagem anterior.
Após a aula inaugural (e meu passeio maravilhoso por Aracaju, o qual não esquecerei, jamais!) continuamos a nossa empreitada das formações, pois faltava ainda realizar a formação inicial em 200 municípios. Imaginem! Piração total. Assim, o período de formação inicial para a primeira etapa do TOPA estendeu-se até novembro de 2007 e depois de muita luta, muitas angústias, muitas noites sem dormir e alguns pés de galinha no rosto (não fiquei nada contente com isso), fui contemplada para fechar o ciclo de formações. Nossa! Que responsabilidade, hein? Mas dei conta do recado direitinho.
Fui para Juazeiro realizar a última formação de 40h para a Etapa I do Programa e a experiência foi marcante, pois o grupo de alfabetizadores, coordenadores de turmas e tradutores intérpretes de libras, no geral, foi muito bom. Em Juazeiro, o Programa contava com sujeitos responsáveis, bem dispostos, organizados, comprometidos e receptivos às “novidades”.
Formação do TOPA - Juazeiro/2007
Fazendo pose pra sair bem na foto


Na noite do último dia de formação fui conhecer a orla de Juazeiro. Êta coisa boa!!! Trabalho e diversão é uma mistura interessantíssima (risos).
Estrutura do Programa – Etapa I
Para atender a grande demanda do Programa TOPA, o NEJA contava com uma equipe de Supervisores, Coordenadores de Núcleo, Monitores e Formadores.
A equipe de Supervisores do NEJA foi constituída por profissionais que possuíam disponibilidade, visão crítica e seletiva necessária para executar a sua função. Para cada Supervisor coube um número determinado de Núcleos sob sua supervisão. A ação dos Supervisores se estendeu desde a entrega do material didático aos Formadores até o fechamento das ações da primeira etapa do Programa com a entrega do relatório a Coordenação Colegiada do NEJA.
Eu fiquei com o Território III que era composto por cinco núcleos: Barreiras, Euclides da Cunha, Guanambi, Paulo Afonso e Senhor do Bonfim. Dessa forma, estavam sob minha responsabilidade 53 municípios espalhados pelo interior da Bahia.
Fazia parte das atribuições do Supervisor, ou seja, das minhas atribuições: suporte pedagógico e estrutural do Programa aos Coordenadores de Núcleo; acompanhamento da prática pedagógica dos Coordenadores de Núcleo; contatos com Coordenadores de Núcleo para acompanhamento das ações; contatos telefônicos ou por correio eletrônico para monitoramento das ações desenvolvidas nos municípios; acompanhamento e avaliação das ações desenvolvidas nos municípios através de reuniões e visitas às classes; reunião com secretários municipais de educação e representantes do programa TOPA como um todo; elaboração e encaminhamento de instrumentos de coleta de dados; sistematização de dados para elaboração de relatórios; elaboração de relatórios de avaliação, entre várias outras coisas.
Além dessas atribuições do supervisor, eu ainda somava à minha grande demanda de trabalho, outras responsabilidades, como:
·         Organização do material didático para realização das formações;
·         Articulação e negociação com fornecedores para realização da formação inicial para a Etapa I do Programa TOPA;
·         Participação no planejamento das formações de 20 e 40h dos alfabetizadores, coordenadores de turmas e tradutores intérpretes de LIBRAS;
·         Apoio à Coordenação Colegiada.
O Coordenador de Núcleo
Para efetivação da formação continuada e o acompanhamento das ações do Programa nos municípios, criou-se a figura do Coordenador de Núcleo, um professor da UNEB, cujas atribuições eram: avaliar a Formação Inicial de 40h dos alfabetizadores, coordenadores de turmas e tradutores intérpretes de libras, junto ao NEJA; participar na elaboração do planejamento da formação de 20h, bem como planejar a formação continuada dos alfabetizadores, coordenadores de turmas e tradutores intérpretes de libras considerando o Plano Plurianual de Alfabetização / PPAlfa  do Programa TOPA sob a coordenação do NEJA; realizar a formação inicial e continuada dos Monitores; avaliar o trabalho desenvolvido pelos Monitores; realizar a formação continuada de alfabetizadores, coordenadores de turmas e tradutores intérpretes de libras; realizar o acompanhamento da prática pedagógica dos alfabetizadores por intermédio de visitas às classes de alfabetização conforme cronograma a ser elaborado; avaliar a prática pedagógica dos alfabetizadores e dos coordenadores de turmas; elaborar relatórios técnico-pedagógicos.   
Formação Continuada / Maragogipe
 
Devido ao número de municípios a serem atendidos por cada Coordenador de Núcleo, ficou estabelecido pelo NEJA a seleção de Monitores para auxiliarem no trabalho dos Coordenadores e o acompanhamento das ações dos Monitores era de responsabilidade dos Coordenadores de Núcleo. 
Dessa forma, com o empenho de toda a equipe procuramos atender aos municípios, da melhor forma possível. Entretanto, não podemos negar ou deixar de registrar que encontramos muitos entraves, o que dificultou um andamento melhor do Programa nos municípios. As visitas dos supervisores para acompanhamento das ações do TOPA, revelaram que havia muitos problemas que afetavam o desenvolvimento das ações do Programa.
Em uma das minha viagens para acompanhamento das ações do Programa e realizar visitas de reconhecimento com o intuito de levantar os problemas existentes nos municípios, com vistas a resolvê-los, ouvi diversas reclamações por parte dos alfabetizadores e dos coordenadores de turmas. Todos, sem exceção, se queixaram sobre o não cumprimento de algumas promessas que, segundo eles, foram feitas pela Coordenação do Programa TOPA (Secretaria da Educação do Estado da Bahia), durante os encontros de divulgação do programa. Citaram algumas dessas promessas:
4    Merenda Escolar:
4    Auxílio Transporte;
4    Material Didático;
4    Exame de vista e aquisição de óculos;
4    Camisetas com a logomarca do Programa TOPA, entre outras.
Vejamos abaixo, pequenos trechos de relatos de coordenadores de turmas e alfabetizadores da região de Barreiras, oeste da Bahia:
’’Não tem como a gente trabalhar sem material. Entregar somente o lápis e o caderno, não adianta’’.
Alfabetizadora no município de Riachão das Neves.
’’... coordenei dez professores com 160 alunos inicialmente, mas esse número foi reduzido devido a falta de materiais didáticos... e dos os exames oftalmológicos, que muitos esperavam ansiosos’’.
Coordenadora de Turmas no município de Santa Rita de Cássia.
’’...se houvesse o apoio que foi prometido, com certeza os resultados teriam sido melhores...”
Coordenadora de Turmas no município de Cotegipe.
Outro fato, que de certa forma, atrapalhou o bom desenvolvimento das atividades do Programa nos municípios, foi o atraso do pagamento das bolsas de alfabetizadores e coordenadores de turmas, o que causou desestímulo em muitos deles. Toda via, devo acrescentar que apesar de todas as dificuldades e problemas enfrentados tanto pelo alfabetizador quanto pelo coordenador de turmas tivemos bons resultados em muitos municípios, isso porque para muitos alfabetizadores e coordenadores, o Programa representava um desafio a ser vencido. Essas pessoas procuraram desenvolver um bom trabalho, planejando criteriosamente suas atividades, buscando apoio junto a prefeituras e comércio local e, muitas vezes tiravam do próprio bolso para não deixar seus alfabetizandos sem material. Muitas entidades, principalmente as prefeituras apoiaram o programa fazendo toda a diferença na conquista dos objetivos propostos pelo mesmo.
Depoimento de uma Alfabetizanda do município de Baianópolis/BA
Coordenadora de Turmas do município de Baianópolis/BA
Maiza Alves Pereira


Durante todo o decorrer da Etapa I do Programa TOPA encontramos muitos entraves, entrementes, com muito empenho, determinação, seriedade, compromisso e persistência pudemos desenvolver um ótimo trabalho, pois acreditamos que juntos (coordenação do programa, supervisão, representantes de entidades, coordenadores de turmas e alfabetizadores) trilhamos o mesmo "Caminho" em busca de um objetivo comum - contribuir para acabar com o analfabetismo no país.
Segundo a Secretaria da Educação do Estado da Bahia foram alfabetizadas 171 mil pessoas durante essa etapa do Programa TOPA.

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